terça-feira, 5 de outubro de 2010

nove meses

nove meses. corte. precisão cirúrgica.
alguém deveria nascer. ou morrer hoje.

(eu devia ter dito algo)

morrer.
em um mundo de linhas de atravessamento temporal uma escolha é sempre a morte de uma outra vida possível. ou de um amor impossível.

(algo. uma escritaimpossível)

esse poderia ser um manifesto pelo amor possível.

(mas o amor possível não precisa de manifesto. somente daquilo que em corpo já está manifesto. afinal, amor, como conhecimento, é um problema de fazer.)

em um mundo de atravessamentos toda morte é morte do impossível.

(eu disse lá atrás que alguém deveria nascer ou morrer hoje. e eu deveria ter dito algo.
ao dizer isso, quase disse alguém novamente. alguém deveria morrer. mas quem? não é possível saber, no entanto estou de luto e choro a minha alma.)

um corte. numa operação de precisão cirúrgica um corte foi feito. algo deveria nascer hoje? algo deveria brotar desse corte, ser parido, gerado numa continuidade da vida possível ou de um amor impossível? (eu disse: algo) ou, como diria minha sábia mãe: amor impossível não existe.

(abissal sabedoria. amor impossível não existe.
amor impossível não está lá.)

pois velemos o morto. amém.

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