quinta-feira, 7 de março de 2013

porque me ergo

 Foto de Davi Madureira Victral

porque me ergo e vou me erguer hoje.
e amanhã, que é 8 de março.
eu estava aqui pensando na campanha lançada pela página Um Bilhão que se ergue e em mais um bilhão de coisas acontecimentos ações que têm movimentado meus últimos anos.
me lembrando de dançar é uma revolução, ação que realizamos eu e mais uma dúzia de mulheres há menos de um mês, em uma praça do centro de bh. ação que realizamos reverberando o movimento de um bilhão de mulheres em todo o globo: o movimento de um bilhão de mulheres dançando contra a violência. mulheres fazendo parte de uma permanente revolução, pois "não há revolução sem dança".
estava aqui me lembrando de algumas das várias questões que colocam a mim em constante movimento diário: as notícias atrozes das violências sofridas, o acintoso cinismo da mais nova propaganda machista, a banalização da violência e da mercantilização do corpo. está aí a odiosa propaganda da oitv que - em "homenagem" ao dia internacional da mulher - coloca como "mais um espaço conquistado por elas" o velho e já cansativo lugar de objeto sexual. está aí o espaço disponível para anúncio nas coxas das meninas.  está aí a repetição automática de frases como "mulher tem que se valorizar" feita por uma adolescente de 17 anos ou por um menino de 13.
está aí porque me ergo. fico pensando, então, na oficina de performance e intervenções urbanas que ministro na escola de meu filho. amanhã vou sair com os meus alunos, adolescentes classe média de 11 a 17 anos, para uma aventura no centro da cidade: lá, vamos abandonar cartas - refazendo a ação cidade dos afetos, do obscena agrupamento - e empunhar cartazes que falem das várias violências de gênero que sofremos todos os dias, nas ruas dessa e de outras (todas?) cidades do meu brasil.
são 12 adolescentes, entre eles meu filho, e, para isso, na semana passada fizemos um jogo em que soltávamos frases aleatórias relacionadas à mulher: eu provocava, jogando frases feitas ou estatísticas reais. surgiu muito material interessante. e muito questionamento. sobre o lugar da mulher. sobre o lugar do homem.

amanhã vou também sair para dançar. vou empunhar meus cartazes, meu giz e minha escrita. amanhã vou dançar porque 1 em cada 3 mulheres do mundo sofre, em algum momento de sua vida, uma agressão.  vou dançar porque acredito que, apesar dessa atrocidade, somos mais fortes. somos incontornáveis e irreversíveis. vou me erguer porque em nossa última dança uma mulher cruzou a praça e se juntou a nós. uma mulher que tinha apanhado muito do marido, mas agora não apanhava mais. nunca mais.
venha mulher, essa dança é sua.