um dia após a eleição para presidência do brasil, me pergunto: importa se ela é mulher?
nesse dia histórico, em que pela primeira vez (após 35 homens governando o país) uma mulher alcança o posto de PRESIDENTA (assim, com A. os gêneros não são neutros), me pergunto: importa? mulher é uma condição política (como diria lennon, ela é o negro da humanidade).
disse há pouco: os gêneros não são neutros. o considerado neutro é, de fato, o gênero masculino.
ele nos é dado. como se dele viesse toda a criação, toda a eva. o masculino é visto como natural.
Homem (diz o aurélio). s.m. espécie humana, humanidade: a evolução social do homem. a criatura humana sob o ponto de vista moral: todo homem é passível de aperfeiçoamento. pessoa do sexo masculino. macho.
natural então é ter presidente, governador, prefeito, senador. estudante. médico. sargento. soldado. advogado.
engraçado, que mesmo quando é com a, é o masculino que conta. não falamos a poeta. tem que ser poetisa... o músico e a musicista (o feminino, aqui, só serve para a abstração: a palavra música jamais poderia ser colada a um corpo fêmea).
o natural é ser macho. fêmea é a dissidência.
então presidenta soa "feio", "cacofônico" (melhor falar a presidente, né? é mais natural...)
hoje, uma semana depois da experiência obscena com o cross-dressing proposto por leandro, me pergunto: existe neutralidade na discussão de gêneros? o que é ser mulher? homem? o que nos define? o sexo? o comportamento? as roupas, tons, gestos?
o que nos faz mulher?
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