quarta-feira, 28 de junho de 2017

minha vagina sente


minha vagina sente
espasmos calor frio
calafrios
minha vagina sente(-se)
em arroubos e contrações involuntárias
minha vagina sente o tesão crescer
em descargas elétricas
estremecimentos
minha vagina sente sem querer.
ela se alonga, preguiçosa
ao sentir o dedo em suas bordas
ela geme e grunhe
sente o toque a língua a saliva úmida
ela sente o cheiro de suas axilas
e sorri
minha vagina sente amor
ela sangra
ela escorre e se aprofunda
minha vagina abisma-se em si
invagina-se.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

passeio vermelho: roteiro sensorial II

neste passeio, é preciso seguir as coordenadas
e alcançar o coração
você pode fazê-lo com uma leve massagem
ou suave mordidas
os arrepios na pele vão deixá-la mais disposta.
siga-os então e desça a encosta
aportando nas linhas da ave poema
caminhe com os dedos pelas palavras
lendo-as com a língua
já estará perto das asas da libélula
uma boa ocasião pra usar a pressão dos dentes...
ao fazê-lo, abra a lua das nádegas com as mãos
e mergulhe fundo
alcançando a flor.
.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

passeio vermelho: roteiro sensorial I

aconselho a começar esse passeio
na espiral anéis da perna direita
deixando lá uma leve mordida
Será necessário um salto arriscado
para cair no poema do augusto
que enfeita a panturrilha esquerda
Depois em zigue zague alcançar
o peixe que nada em minha coxa
cuidado:
o choque é capaz de matar bicho maior que você
Mas é possível acalmá-lo
com lambidas suaves
que continuem o trajeto por entre os pelos...
Atravesse suavemente
para alcançar os hibiscos na superfície plana do ventre
e a pergunta: "que posso amar senão o enigma?"
ama-me. mas não se engane, pois
como já dizia a esfinge - metade leão metade mulher:
se não me decifras, eu te devoro.

vermelha

sento-me na cadeira vermelha
e abro as pernas
apoiando o pé na borda colorida.
inclino minha cabeça pra trás
quando sua língua se aproxima
me abro mais
permitindo sua entrada lenta
profunda molhada
a língua beija a ponta atrevida
que estremece e cresce
sob a leve pressão alucinada
dos seus lábios nos meus
só de pensar
enrubesço

lambelíngua

lambe língua lenta
demora-se no monte entumescido
dedos pedem passagem
abrem caminho
lambuzam-se
no ácido caldo
que a língua recolhe
em redemoinho