Por fim, com uma ONG internacional, consegui o oferecimento dos medicamentos, em um valor razoável (cobrado para que outras mulheres, sem condição financeiras, possam recebê-los de graça)
Nesse meio tempo ficava o tempo inteiro imaginando se eu não tivesse as condições que eu tinha: financeiras, emocionais, familiares. Eu estaria perdida! Sozinha, sem opções e sem ajuda e com muito medo: da punição legal, do risco físico concreto e confrontada com a possibidade de ter que criar um filho indesejado. UM FILHO INDESEJADO. Quando, de fato, as coisas poderiam (e deveriam) ocorrer de modo muito mais simples e seguro.
Finalmente, os medicamentos chegaram no último minuto do segundo tempo e realizei o aborto: este foi fisicamente muito tranquilo. Ou seja, se houvesse descriminalização do aborto, o processo seria bastante simples: sem medo, sem culpa e sem risco. Não para mim. Mas para as milhares de mulheres que engravidam sem querer e que não têm condições ou não querem levar a gravidez a termo. Está na hora de acabar com essa hipocrisia social: os abortos acontecem, independente da ilegalidade. Esta só favorece a exploração da situação de desespero em que as mulheres se encontram. Só favorece o mercado negro dos medicamentos. Só favorece o risco e a morte de milhares de mulheres, todos os anos.
As mulheres "entre 20 e 29 anos, em união estável, com até oito anos de estudo, trabalhadoras, católicas e com pelo menos um filho" formam o maior grupo que pratica aborto no país,segundo estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Ainda segundo a pesquisa, entre "70,8% e 90,5% de quem opta pelo procedimento já tem filhos".
- Mais de 1 milhão de gestações foram interrompidas em 2005.
- Pelo menos 3,7 milhões de brasileiras entre 15 e 49 anos realizaram aborto. Ou seja, 7,2% das mulheres em idade reprodutiva. Menos da metade chega ao Sistema Único de Saúde (SUS).
- De 51% a 82% dos abortos são realizados por mulheres entre 20 e 29 anos. Adolescentes respondem por 7% a 9% das estatísticas.
- Somente 2,5% das interrupções de gravidez ocorreram em um contexto de relações eventuais.
- Mulheres que vivenciam relações estabelecidas (tem marido, companheiro ou namorado) responde pela maior parte dos abortos: 70% dos casos.
- Entre 70,8% e 90,5% de quem decide pelo procedimento já possui filhos.
- Mais de 50% das mulheres que abortaram nas regiões Sul e Sudeste usavam algum método anticoncepcional, principalmente pílulas. No Nordeste, essa porcentagem oscila entre 34% e 38,9%.
- Das adolescentes, entre 60% e 83,7% delas não pretendiam engravidar, e 73% cogitaram a interrupção da gestação, sendo que 12,7% a 40% das garotas tentaram abortar. Entre aquelas que consumaram o ato, 25% voltaram a esperar um filho.
- A maior parte das mulheres que fizeram aborto se declarara católica, com 51% a 82% de prevalência, seguida pela que professa a fé espírita, com 4,5% a 19,2%. Em último lugar estão as evangélicas - entre 2,6% e 12,2%.
- De 50,4% a 84,6% das mulheres que cessaram a gestação utilizaram o medicamento Cytotec. Entre as adolescentes, o método também aparece com destaque: mais de 50% afirmaram tomar o Cytotec ou ingerir algum tipo de chá.
- Nos anos 2000, um estudo entre jovens de 18 a 24 anos mostrou que renda familiar e escolaridade foram fatores associados à indução do aborto na primeira gravidez: quanto maior a renda e a escolaridade, maiores as chances de a primeira gravidez resultar em um aborto.
Fonte da UFPel: relatório Aborto e Saúde Pública: 20 anos de Pesquisas no Brasil.- Pelo menos 3,7 milhões de brasileiras entre 15 e 49 anos realizaram aborto. Ou seja, 7,2% das mulheres em idade reprodutiva. Menos da metade chega ao Sistema Único de Saúde (SUS).
- De 51% a 82% dos abortos são realizados por mulheres entre 20 e 29 anos. Adolescentes respondem por 7% a 9% das estatísticas.
- Somente 2,5% das interrupções de gravidez ocorreram em um contexto de relações eventuais.
- Mulheres que vivenciam relações estabelecidas (tem marido, companheiro ou namorado) responde pela maior parte dos abortos: 70% dos casos.
- Entre 70,8% e 90,5% de quem decide pelo procedimento já possui filhos.
- Mais de 50% das mulheres que abortaram nas regiões Sul e Sudeste usavam algum método anticoncepcional, principalmente pílulas. No Nordeste, essa porcentagem oscila entre 34% e 38,9%.
- Das adolescentes, entre 60% e 83,7% delas não pretendiam engravidar, e 73% cogitaram a interrupção da gestação, sendo que 12,7% a 40% das garotas tentaram abortar. Entre aquelas que consumaram o ato, 25% voltaram a esperar um filho.
- A maior parte das mulheres que fizeram aborto se declarara católica, com 51% a 82% de prevalência, seguida pela que professa a fé espírita, com 4,5% a 19,2%. Em último lugar estão as evangélicas - entre 2,6% e 12,2%.
- De 50,4% a 84,6% das mulheres que cessaram a gestação utilizaram o medicamento Cytotec. Entre as adolescentes, o método também aparece com destaque: mais de 50% afirmaram tomar o Cytotec ou ingerir algum tipo de chá.
- Nos anos 2000, um estudo entre jovens de 18 a 24 anos mostrou que renda familiar e escolaridade foram fatores associados à indução do aborto na primeira gravidez: quanto maior a renda e a escolaridade, maiores as chances de a primeira gravidez resultar em um aborto.
Estudos do Instituto Alan Guttmacher (IAG, em www.agi-usa.org) informam que nos países em desenvolvimento ocorrem 182 milhões de gestações anuais. Estima-se que 36% dessas gestações não foram planejadas, entre as quais 20% terminam em aborto.
A América Latina e o Caribe contribuem significativamente para estes números. As estimativas feitas pelo IAG apontam que, a cada ano, são realizados cerca de 4 milhões de abortos clandestinos e inseguros nas duas regiões.
A Organização Mundial de Saúde divulgou dado sobre mortes maternas relacionadas ao aborto. Segundo a OMS, 21% das mortes (cerca de 6 mil/ano) relacionadas com a gravidez, o parto e o pós-parto, nesses países, têm como causa as complicações do aborto realizado de forma insegura.
Segundo o documento Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, publicado pelo Ministério da Saúde em março de 2004, no Brasil 31% de gestações terminam em aborto. Anualmente, ocorrem no país aproximadamente 1,4 milhão de abortamentos, entre espontâneos e inseguros, com uma taxa de 3,7 abortos para 100 mulheres de 15 a 49 anos.
Segundo a ANDI (Agência de Notícia dos Direitos da Infância), a cada dia cerca de 140 meninas têm a gravidez interrompida. A cada hora, seis adolescentes entram em processo de abortamento.
Ainda segundo o documento, em 2002 foram registrados 53,77 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos, devido a complicações na gestação, no parto ou no puerpério (período de 42 dias após o parto). Entre as principais causas dessas mortes, destacam-se a hipertensão (13,3%), hemorragia (7,6%), infecção puerperal (3,9%) e aborto (2,7%). No entanto, o documento faz uma importante ressalva: para a Área Técnica de Saúde da Mulher, os casos de mortes por abortamento podem ter sido maiores, já que muitas vezes as complicações decorrentes do aborto são registradas como hemorragias e infecções, o que pode camuflar as estatísticas do abortamento.
Dados do SUS indicam que em 2004 foram realizados 1.600 abortos legais em 51 serviços especializados do SUS ao custo de R$ 232 mil. No mesmo ano, ocorreram no SUS 244 mil internações motivadas por curetagens pós-aborto ? entre estes abortamentos espontâneos ou voluntários e feitos na clandestinidade - orçadas em R$ 35 milhões. As curetagens são o segundo procedimento obstétrico mais praticado nas unidades de internação, superadas apenas pelos partos normais.
Foram fontes para essa compilação, os artigos http://www.nominuto.com/noticias/cidades/aborto-e-a-terceira-causa-de-morte-materna-no-brasil/52084/ e http://www.skyscraperlife.com/boteco/14530-aborto-no-brasil.html
Veja também: precisa de um aborto?
este post faz parte da blogagem coletiva pela descriminalização e legalização do aborto: http://blogueirasfeministas.com/2011/09/chamada-blogagem-aborto/
este post faz parte da blogagem coletiva pela descriminalização e legalização do aborto: http://blogueirasfeministas.com/2011/09/chamada-blogagem-aborto/