quarta-feira, 19 de outubro de 2011

sem juízo: experimentos para um roteiro

em julho demos partida, lissandra guimarães e eu, à pesquisa de materiais que fundamenta o processo de criação de sem juízo, roteiro work in process objeto do projeto (em andamento) aprovado no fundão 2011. a partir de agosto, começamos a exercitar as práticas necessárias para o exercício de criação de cenas que serão/são material para o roteiro. começamos também a experimentar o uso da câmera. mas foi a partir da participação de leo souza no trabalho, já em meados de agosto, que a coisa começou a deslanchar.
como orientador do projeto, leo havia proposto trabalhar conosco a partir de workshops que cobririam certos temas, relacionados  à linguagem audiovisual. como sou dramaturga e sempre trabalhei com teatro, minha perspectiva era bem distinta do trabalho com a imagem que se faz com a câmera. nesse sentido, as contribuições do leo têm sido extremamente valiosas, bem como os desafios que ele tem nos proposto.
a partir das primeiras conversas (ainda em agosto), quando ele levantou as várias possibilidades de relações entre o som e a imagem, já começamos a produzir materiais para trabalhar, como ele dizia, a partir do quadro e não da imagem ao vivo, da imagem presa pela lente da câmera e não pelo olho nu.
revendo as anotações, leio:
"antes de tudo, eu gostaria que a senhora me fizesse um breve relato do fato.
luz incide sobre a mulher. Barulho do projetor. vemos: sua boca? sua sombra? a mulher acuada sob a luz?
work in process: hoje demos início aos experimentos com luzes/projeções, fizemos o primeiro teste com a câmera, a partir das questões levantadas pelo leo".

foto: nina caetano


em setembro, tivemos o primeiro workshop: sonoridades. e o desafio: construir 3 ações sonoras e 3 imagens sonoras. reproduzo abaixo as viagens em torno das possíveis idéias para realizar isso
- ações/imagens sonoras:
1. Humilhação: mulher tentando agradar (felicidade conjugal) e é subjugada por um som que a humilha (vaias? risadas?) - leo pergunta: ao invés de utilizar o som de humilhação mais óbvio, poderíamos pensar que som humilharia essa mulher, talvez sons tirados do cotidiano dela?
2. Apanhar: mesma situação, sons de espancamento.
3. Emudecer: contraste voz masculina/feminina. mulher tenta falar, mas vozes masculinas a abafam (sons do universo masculino? risadas? cantadas chulas?). mulher tenta falar um assunto, é cortada por um homem que a elogia.
4. Mudança na imagem pelo som: o som mudaria o ritmo da imagem? mulher dançando, ritmos musicais diferentes (trabalhar também com O SOM DA QUEDA DELA).
5. Mulher sendo torturada pelo som. pode ser: dança sem fim, com diversidades sonoras. tortura: música. ruídos (quais?). vozes/palavra. menor aceleração corporal/maior aceleração musical e vice-versa.
6. Mudança na imagem pelo som II: corpo feminino/peça de roupa. progressão de imagens: peças de roupas soltas até o corpo (imagem clichê de sexo). Sons de coisas quebrando. silêncio. Leo sugere começar com um som que pareça uma coisa (o sexo), que seja ambíguo, mas que é outra: por exemplo: gemidos que logo vemos ser de dor, que se transformam em gritos...
essas eram as minhas ações/imagens (paisagens?) sonoras... as de lissandra eram outras, e brincavam com os sons da casa, numa casa vazia. com a imagem da mulher porta. foram feitos vários testes de imagens, para imagens minhas e dela: da dança, da porta, do sexo/violência?
experimentamos fazer com que o som produzisse relações até então inusitadas (pelo menos para nós) com a imagem... o projetor de slides tem se mostrado bastante produtivo! sim, o trabalho tem sido bem produtivo...





 

vídeos: leonardo souza