sexta-feira, 27 de maio de 2011

como se fabrica uma mulher?

foto: nina caetano

foi realmente especial o workshop como se fabrica uma mulher? que lissandra guimarães - companheira do obscena agrupamento independente de pesquisa cênica  - e eu aplicamos para um grupo de 15 mulheres, alunas do curso de artes cênicas da ufop, durante a vii semana de artes, evento realizado pelos alunos do deart/ufop.
pensado em um formato intensivo, de 12 horas distribuídas em dois dias de atividade, o workshop possibilitou a experimentação de intervenções feministas na cidade de ouro preto, nos dias 23 e 24 de maio, as quais visaram discutir o modelo de feminino vigente na sociedade brasileira contemporânea. como pontapé inicial das atividades, decidimos apresentar nosso trabalho às mulheres participantes em sua realização prática, realizando uma intervenção no centro histórico da cidade, classificação zoológica da mulher.

foto: paula reis vianna

a partir do que foi experimentado e visto, discutimos o modelo de mulher e a sua "fabricação" em nossa sociedade como algo naturalizado. ao problematizar esse lugar, buscamos levantar as possibilidades de uma atuação política gerada a partir de nossas questões e críticas. daí, partimos para a discussão da proposta de ação a ser realizada nessas doze horas de trabalho e solicitamos, às participantes do workshop, os materiais que serviriam de base para a produção de ações por meio das relações do corpo com espaços e objetos associados ao universo da mulher.
à tarde desse primeiro dia (23), propusemos um trabalho sensorial, a partir de objetos relacionais, e uma prática de deriva pela cidade, para levantamento de uma cartografia afetiva por parte delas. o trabalho as sensibilizou para as possibilidades de ocupação na intervenção que realizaríamos no dia seguinte.
no dia 24, já com os materiais que elas e nós trouxemos - revistas, jornais, objetos e roupas - construímos as mulheres painel e, à tarde, já com os corpos montados, partimos para a "invasão" da cidade.

foto: nina caetano

as mulheres participantes se mostraram potentes, cada uma em sua individualidade e criação, e potencializadas pela força de uma ação coletiva.

foto: nina caetano

seus corpos, em confronto com a cidade e o cidadão ouropretano, causaram um acontecimento no qual estranhamento e ludicidade se encontravam.

foto: nina caetano

para nós e para elas, repensar e criticar as relações que são estabelecidas com o corpo feminino em uma sociedade machista como a nossa, na qual somos vistas ainda como objetos de propriedade masculina - como "brinquedos de homem" como afirmava o recorte de uma matéria de revista ostentado por mariana hippert, uma das mulheres em ação (ver foto logo acima) - produziu mergulhos que, com certeza, ainda vão encontrar reverberações mais profundas no que diz respeito às questões relacionadas ao nosso eu social e ao nosso papel, em questões - algumas adormecidas e esquecidas -  também associadas à nossa atuação como cidadãs e como artistas.
 
foto: nina caetano

esse foi só o início...

2 comentários:

Priscila de Azevedo Souza Mesquita disse...

Muito interessante esse trabalho. Fiquei com vontade de presenciar... Vou compartilhar!!
Abraço,
Priscila Mesquita/ (Em) Companhia de Mulheres - Floripa

Nina Caetano disse...

obrigada, priscila!
você é do grupo da brígida miranda? tenho interesse em conhecer mais o trabalho de vocês...
abraço!