quarta-feira, 21 de maio de 2014

espaço do silêncio II - ELLA(s): impressões


espaço do silêncio > praça 7
fluxo vertiginoso de pessoas.
estendo o lençol cravado de cruzes vermelhas. isso chama atenção.
a cruz vermelha em minha boca impõe um silêncio sem explicação.
um inventário de mulheres mortas. destruir. aniquilar. dar cabo de. ex-terminar.
um rapaz lê.
uma mulher lê.
sua comoção co-move-me.
e nos encontramos lá. nessa comoção além das palavras (das muitas palavras impressas no papel).
quero me juntar a você, ela diz. não agora.
ofereço minha escrita. meu telefone. meu nome. ela vai me procurar. ela vai me procurar?
espaço do silêncio > praça da estação
bancos. jardins. estátuas. (rastros da ação de outro dia: dançar é uma revolução)
aqui tudo tem forma e sentido.
pessoas atravessam os quadrados.
as palavras rastros soltas pelo espaço compõem um quadro com meu corpo. o seu antônio diz:
bonito isso que você faz. te vi aqui dançando outro dia. um pano branco. era bonito.
eu agradeço e cerro minha boca com a cruz, mas não antes de responder:
essa ação? chamo de espaço do silêncio.
(apesar de achar que, às vezes, o texto no papel fala demais).

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