(uma imitação barata de Hilda Hilst)
o dia em
que nasci. eu tinha 13 anos e era virgem. meu pai, um velho bêbado e babão,
resolveu me vender antes que fosse tarde demais. como ele já tinha tirado o
cabaço das minhas duas irmãs (e o destino delas tinha sido a prostituição, sem
que ele nada lucrasse com isso) ele resolveu me poupar e, dessa vez, levar
algum lucro com a minha rara virgindade me vendendo para o maior bordel da
cidade.
o dia em
que nasci. eu tinha treze anos e meu pai resolvera me vender apesar dos meus
peitos mal empinarem a blusa.
quem sabe?
meu pai pensou. ela tinha uma pele bonita, macia. as coxinhas grossas, uma
bunda redonda, carnuda. A carne tenra... os peitinhos. Os peitinhos... meu pai
resolveu dar-me um banho.
éramos
pobres e o banho tomávamos em uma bacia de metal. o banheiro era um quadrado de
cimento sujo e quebrado, coberto por uma telha de zinco que fazia dali um
inferno. meu pai encheu a bacia de água morna, me arrastando até ela. minha
blusa, um pouco rasgada, deixava entrever o bico do seio. a respiração do meu
pai se acelerou. os olhos tinham um brilho mau. ele puxou minha calcinha,
arrancando minha saia avidamente. eu estava imóvel e meu pai, diante do meu
corpo nu, ajoelhou-se como diante de uma santa. abriu as minhas pernas e roçou
os dedos pelo meu grelo. pediu-me que pegasse a caneca e jogasse água no meu
corpo. que a deixasse correr. ele a recolheria ali, no encontro das coxas.
comecei a sentir um calor me invadindo. ele lambeu a água, devagar. Esticou a
língua e lambeu de novo, abrindo caminho entre os meus pêlos. Meu corpo bambeou
e ele agarrou minha bunda, invadindo ainda mais minha vagina como um cachorro
sedento, a língua de fora, os olhos saltados a me lamber também. e gemia como
uma criança diante do peito da mãe. suas mãos agarravam minha bunda como se
fossem duas redondas luas. a língua misturava fogo à água. Sem nem sentir eu
empurrava o meu quadril contra seu rosto num movimento instintivo de prazer.
Ele acelerou as lambidas mais e mais mais mais mais mais... gozei. Meu corpo
bambeou mais uma vez.
meu pai
abriu a calça...
... ainda
não entendi que graça tem ficar lendo sobre a vida das outras pessoas! eu, por
mim, nunca gostei nem de falar da vida alheia.
sabe,
leitor, estive pensando...será que eu não devo começar me apresentando
primeiro? Afinal, que graça é que tem... calma, leitor ansioso!
cerre um
pouco a cortina. pediram-me para contar a minha vida e é o que vou fazer! mas
se você nem souber de quem se trata, que graça tem querer dar uma espiadinha
atrás da minha cortina?! credo, que pressa!
... não
tema, meu gostoso leitor, tentarei ao máximo não ser “literária” como Sade.
pois cá muito entre a gente, ele, pelo menos no que concerne à escrita, era um
tanto monótono... já sei, já sei! para um conto pornográfico, eu também já
estou sendo bem – com o perdão da palavra antiga – caceteadora... (desculpe, não resisti ao trocadilho).
Pois então,
prepare-se, meu caralheitor!
o passeio
será longo, cheio de paisagens inesperadas. sugiro que fique mais à vontade.
desabotoe a camisa, tire os sapatos... deixe mesmo a calça entreaberta. como eu
disse, as paisagens podem ser inesperadas...
meu pai
abriu a calça. foi o primeiro caralho que vi. grosso. grande. e sujo. ele lavou
a imensa pica vermelha na bacia e depois se ergueu, me puxando pelo cabelo. fez
com que me ajoelhasse. diante dos meus olhos, a cabeça luzia. uma gota
brilhava. lambi. meu pai gemeu. lambi de novo, como quem lambe um gostoso
sorvete. meu pai de olhos fechados agarrava a minha cabeça. eu chupava, lambia,
sorvia. meu pai me chamava de puta gostosa safada piranha enquanto jatos de
porra inundavam minha garganta.
e esse foi
meu nascimento.
então, ele
vestiu-me uma roupa branca e limpa e me levou para o maior bordel da cidade.
era uma casa grande e suntuosa, construída em estilo neo clássico (coisa que,
evidentemente, eu não sabia naquele momento. A cultura fui adquirir bem mais
tarde). colunas cercavam a entrada. a casa era branca como eu.
quando
entramos, a primeira coisa que me impressionou foi o forte cheiro de coxas que
pairava naquele lugar. e em seguida as luzes. coloridas. difusas. tudo ali era
difuso. contra esse fundo, Madame se destacava: era alta, loura e majestosa. o
rosto era muito maquiado e ela toda cheirava, o perfume misturado ao creme e ao
pó de arroz. as pernas eram longuíssimas sobre o salto incomensurável. apesar
disso, Madame não nascera mulher. nascera homem. sim, a cafetina daquele bordel era uma
travesti.
quando
Madame me viu sorriu. para o meu pai ela fez cara feia, não gostava daquele
velho bêbado e sujo na sua casa de fantasia. ela pagou, ele foi embora e me
deixou.
nunca mais
o vi.
Madame me
pegou pela mão e me conduziu escada acima. louro ou moreno?
moreno...
eu queria sentir meu primeiro homem bruto dentro de mim. nada de amor. nada de
refinamentos. que fosse rico! muito. Madame sorriu novamente e me disse que eu
seria a rainha daquele bordel. Depois abriu a porta do quarto dela, fazendo-me
entrar em um paraíso cor-de-rosa. Havia duas moças lá dentro, as duas também
muito jovens. Uma delas, loirinha e magra, empurrou-me contra o colchão
macio... Madame tirou, ela mesma, meu vestido e passou óleo sobre meu corpo,
perfumando-me. A moça negra, de ancas largas e peitos estupendos de tão duros,
trouxe uma caixa de jóias de fantasia, da qual madame tirou pérolas tão
virginais quanto eu. sobre o meu corpo, somente um pano branco.
Madame
então abriu minhas pernas e prendeu meus pés aos pés da cama. eu gosto de
chupar mulher, sabia? meus peitos imediatamente eriçaram, machucando o
tecido. o gostinho ácido das virgens. atou minhas mãos à cabeceira. eu
não sentia medo. sentia sua respiração quente invadindo meus pêlos. o cheiro
de cabelo de milho...
e esse foi
o meu batismo.
quando
terminou, Madame me desamarrou depois lavou a boca e retocou o batom. lavou,
ela mesma, a minha buceta molhada. Então foi para a sala e escolheu um
fazendeiro, um homem acostumado a comprar tudo como se tudo fosse novilhas.
Madame vendeu-me cara, afinal eu era produto raro.
o homem era
baixo, forte, atarracado. a pele era sebosa, suada. os olhos, miúdos, tinham um
brilho maldoso como os olhos de meu pai. vendo-me nua sobre a cama, limpa,
linda em meu pano transparente, ele subiu sobre mim e abriu as minhas pernas.
pôs o pau curto e grosso dentro da minha vagina apertada, rompendo meu hímen
com facilidade. o homem ficou ali, metendo em mim até gozar. apertava meus
peitos, babava neles. beliscava um pouco, com certa maldade. e gozava.
resolvi
surpreendê-lo.
virei-me de
costas, oferecendo-lhe a bunda redonda. ele arregalou os olhos, espantado.
então, eu fiquei de quatro, como uma égua, e como uma égua no cio rocei as
minhas carnes brancas na sua pica que estourava de tesão. ele sentia a porra
invadir cada centímetro do seu pau, enquanto me agarrava pelas ancas. dava uns
tapinhas na minha bunda, falava bunda gostosa minha potranca e metia a vara no
buraco quente, gostoso, apertado do meu cu. meu rego latejante engolia apertava
a cabeçorra vermelha do seu pau. ele gozou.
depois
dessa noite, tornou-se meu amante oficial e financiava todos os meus luxos e
extravagâncias. e eu as tinha muitas. como uma menina caprichosa, eu não
cansava de pedir. gostava de dar festas estrondosas, verdadeiras orgias, para
todo o bordel. como uma rainha, eu tomava banhos de champagne e andava nua,
sobre um cavalo, pelos jardins do bordel, além de financiar alguns pintores dos
quais era musa e amante.
O leitor
bem tava gostando, né? Desse linguajar meio século dezoito salvando a dignidade
das minhas memórias... é o espírito livresco querendo encarnar outra vez!
claro, nada disso é verdade. ou, pelo menos, quase nada. mesmo sendo puta eu
gostava mesmo era de ler e essa era uma das poucas extravagâncias que eu tinha.
Madame tinha me ensinado o gosto pelos livros e eu os tinha aos montes e de
todos os tipos. Eu era uma devoradora e o comprador de novilhas gostava de mim
assim, presa ao quarto e em delírio eu inventava orgias, banhos de champagne e
vida de princesa. vá lá, eu era a teúda e manteúda do fazendeiro. tinha jóias,
dinheiro. mas era uma caipira de treze anos que acabara de entrar para a vida.
o
fazendeiro tinha se viciado em comer o meu cu. todos os dias, como um bom padre
Sádico, ele vinha ao bordel enfiar a pica nas carnes brancas da minha bunda. às
vezes, uma boa chupada me salvava. era outra das minhas especialidades. fazia
questão de tirar sua roupa e ia lambendo seu corpo, traçando uma linha de fogo
até o pau. caralho em riste. após pesar suas bolas com minha língua, eu
enfiava, sem aviso, aquela vara grossa em minha boca entreaberta. a cabeça,
descoberta, estava à minha mercê e eu a apertava, suavemente, entre meus
lábios. de repente, eu enfiava aquela verga toda na minha boca. a boca,
apertada como uma buceta quente, sugava sugava. para em seguida torturar cada
centímetro de sua pica latejante com lambidas bem... bem vagarosas... com a
desculpa de prepará-lo para a “empreitada”, muitas vezes fiz com que gozasse
ali mesmo, na minha boca. uma boa parte das vezes, no entanto, meu cu era
agraciado.
como eu era
muito nova, Madame não queria me ver “arrombada” e deu um jeito de me arrumar
outro cavalheiro. dessa vez ela não pediu minha opinião, resolvera me arrumar
um velho pacato e sem extravagâncias. era um banqueiro, um homenzinho magro e
sorridente, sempre com um ar de quem pede desculpas. eu tinha uma vontade
imensa de maltratá-lo e ele parecia gostar, pois jamais reclamava.
habitualmente,
ele aparecia no fim da tarde e nesse dia resolvi esperá-lo com uma surpresa. o
entregador de bebidas do bordel era um jovem negro, impetuoso como um garanhão.
quer me comer de graça, sem pagar nada?
ele, com o pau endurecido roçando minha bunda, me seguiu até o quarto. sem
paciência, rasgou minha roupa. chupava os meus peitos, era voraz, bruto e
aquilo me agradava. abri as pernas. o negro afastou minha calcinha de lado e
meteu a imensa pica roxa na minha buceta molhadinha. a pele negra contrastava
com a brancura das minhas coxas. ele me mordia, chupava, metia. eu gozava
gozava gozava sem fim.
ele me
virou de costas, lambuzou o pau grosso, cheio de veias, assombroso, assustador,
com sua saliva e abriu no meio a minha bunda, branca como uma lua. eu gemi de
medo. ele encostou a cabeçorra. a porta se abriu. impaciente com a interrupção,
ele olhou para a porta. eu disse: entra.
pode entrar...
enquanto o
negro entrava no meu cu ardente, o cavalheiro magrinho entrava no quarto,
mortalmente pálido.
O leitor
deve admitir: o trocadilho é tão perfeito que impede a continuidade da obra. Entra, pode entrar... e eis que a porta
se fecha bem na minha cara.
O que pode
vir depois disso? Hein, meu caralheitor?
2 comentários:
Putas O-várias
Remetente: Thaiz Cantasini
Destinatária: Nina Caetano
Lendo o conto pornográfico dela
e já ciente que ela gostaria que eu o comentasse,
uma dessas minhas putas hospedeiras
resolveu sentar bem em cima dele,
letra por letra,
primeiro devagar e sem pressa,
depois elétrica
e
des
ca
be
la
da,
depois com dois catatônicos O.lh.O.s
Abruptamente congelados no foco da penteadeira de um quarto imaginário de bordel
(bordei um boldel degustando as palavras dela)
A personagem desfigurada
Vezes ela,
vezes Iansã,
vezes todas,
vezes eu,
Borrifava seu gozo e o gozo dos caralhos
em toda puta que toda mulher já nasce sendo
mas
não
sabe
ou
prefere
não
TOCAR
no assunto.
O desenho do teu conto é reto e preciso.
Teso.
Geométrico como um maxilar.
Rebento sintático de aspereza cálida.
Um tiro.
Tiro à queima roupa.
Metralhas assim:
incisiva e mundana
porque escreves
"coberta
por
carne
quente"
(ponto)
ah, que delícia de comentário, thaiz!
tão cheio de ritmos... poema.
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