sábado, 27 de março de 2010

dia internacional da mulher




08 de março de 2010. 100 anos do dia internacional da mulher...

no último dia 08, fizemos mais uma intervenção de baby dolls na praça 7. do outro lado da avenida, no outro quarteirão, as companheiras da Marcha Mundial das Mulheres faziam sua caminhada/protesto. policiais da tropa de choque espalhados por toda a praça, prontos para conter o bando subversivo e perigoso das mulheres.
do nosso lado, vários deles se postavam em torno da macdonald´s, como a protegê-la... ai, ai...
não é à toa que a marcha associa o machismo ao capitalismo, estão completamente interligados. a proteção policial ilustra bem essa ligação.
como ilustram as propagandas e promoções que lotam não só esse dia, mas o mês da mulher porque, afinal de contas, "um dia só é pouco" para nos homenagear...

"toda mulher é cheia de desejos. a Suggar faz tudo para atendê-los." e vemos o desenho de uma mulher sorridente, cercada por balõezinhos de pensamentos (seus desejos) preenchidos por modernos eletrodomésticos... o que mais uma mulher desejaria?

"dia internacional da mulher: participe e concorra a um dia inesquecível no spa one day"... claro, além de eletrodomésticos modernos, um dia inteirinho de cuidados com a beleza.

promoção seda:"concorra a sapatos, vestidos e a consultoria de..." promoção do twitter: "participe e ganhe uma bolsa!"
e por aí vai.

ao ligarmos a televisão, vemos, predominantemente, a mulher em dois papéis: a gostosa da cerveja e a limpadora de casa, cuidadora do lar... e dá-lhe gleidy sachê, veja multiuso, repelente de inseto... e dá-lhe cuidar do maridinho, da família e do lar...
segundo a antropóloga mirian goldenberg, no brasil ainda a figura masculina é super valorizada, fazendo com que a mulher, para se valorizar, recorra ao "capital marital", termo que ela cunhou para designar o marido conquistado e exibido como um troféu. afinal, que adianta eu ser profissional reconhecida, qualificada e respeitada, se não tiver um marido provando que, apesar disso, eu continuo a ser mulher, feminina, delicada e dedicada ao lar?
enquanto isso, islaines continuam a ser assassinadas por seus capitais maritais que, em contrapartida, não as valorizam.
já repararam que um homem, por pior que esteja (como bem destacou a lissandra durante a intervenção realizada no último sábado, na mesma praça, ao ser abordada por um sujeito em condições pessoais precárias), ainda se sente superior a qualquer mulher e a aborda do alto de sua arrogância?

afinal de contas, como diria uma garota de programa que anuncia nos classificados, nós engolimos tudo, sem frescura.

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