“Somos irreversíveis e incontornáveis.”
(Hosana, marcha mundial das mulheres)
Neste ensaio, intentarei discutir o trabalho realizado ao longo do ano de 2008 junto ao Obscena, agrupamento independente de pesquisa cênica. No âmbito desse trabalho, a minha questão principal se relaciona com a prática de dramaturgia que tenho proposto dentro do agrupamento e que nomeei, em alguns momentos, como “Dramaturgia do instante”, consistindo na pesquisa de uma escrita no espaço da ação. Evidentemente, tal denominação e ação não foram dadas de antemão e só estão se esclarecendo ao longo do percurso de investigação, como denota o título que proponho para este ensaio. Inicialmente, quando começamos o trabalho de pesquisa, em fevereiro de 2008, eram claros para mim somente os elementos os quais desejava investigar. Remeto ao relato do dia 25 daquele mês:
Eu, Nina, me interesso por pesquisar a edição documental, a intervenção no real, os labirintos temporais, a memória. A construção da mulher. Uma anatomia, para lembrar o Moacir, construída com objetos normalmente ligados ao universo da mulher. Interessa a mulher que transborda, que escapa às fôrmas, me interessa a loucura. O que cabe e o que não cabe.
Naquele momento, inclusive, ainda não havia a clareza de que modo eu poderia desenvolver a pesquisa desses elementos dentro de um agrupamento – e de um projeto – que privilegiava, de certo modo, a instância atoral. Outra questão dizia respeito ao modo como seria possível tecer esta dramaturgia na relação com os materiais dos outros, uma vez que não intentávamos a criação de um espetáculo, mas resultantes cênicas decorrentes das investigações individuais.
Em seu primeiro ano de existência – 2007 – o Obscena havia trabalhado no espaço que pertencia à companhia de teatro da qual fazia parte Lissandra Guimarães e eu, a Maldita. Naquele ano, ainda integrantes da companhia e em pleno processo de criação, as investigações que fazíamos no Obscena (criado, inicialmente, como um grupo de estudos e de diálogos para a Maldita) acabavam por desembocar, como criação, no grupo de origem. As questões levantadas acima eram, então, incipientes, uma vez que, para mim, utilizar o meu corpo na ação era um meio de concretizar propostas de dramaturgia que seriam, posteriormente, desenvolvidas como ações pelos atores.
Em função do interesse específico na criação da Maldita, o Obscena começou o estudo por algumas balizas que sustentavam aquele processo em andamento: além dos princípios da criação colaborativa, a linguagem épico-dramática e a discussão dos conceitos de ocupação e de instalação. Como base teórica, havia o interesse em investigar as idéias contidas no epílogo da obra O Teatro Pós-Dramático[1], principalmente no que concerne às possibilidades contemporâneas de um teatro de viés político. Como, na Maldita, havia a confluência entre as questões de ordem estética e questões ideológicas, relacionadas às estruturas de poder, como as instituições – na criação de seu primeiro espetáculo a pesquisa da Maldita havia sido as instituições manicomiais e, no processo que se desenrolava, as prisões – pareceu-nos essencial também aprofundar nesse ponto.
No entanto, na Maldita o processo de criação – que já se desenrolava há quase dois anos – havia emperrado e não permitia uma real vazão de nossos experimentos ou desejos, o que nos levou, Lissandra e eu, a sairmos da companhia e nos dedicarmos inteiramente às questões férteis que haviam surgido no grupo de estudos. Nascia assim o projeto Às margens do feminino: texturas teatrais da beira. Formulamos o projeto e o apresentamos para a Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Aprovado no Fundão, o projeto nos deu condição de aprofundar a pesquisa, agora centrada na investigação de alguns elementos de linguagem que já vinham sendo tocados – tais como um modelo não representacional de ações, a atuação rapsódica e a instalação/ocupação de espaços públicos e privados – e em um tema recorrente nos experimentos desenvolvidos no agrupamento: a mulher[2].
segunda-feira, dia 03 de março de 2008. o que é ser mulher?
Fortaleza fragilidade mãe mulher companheira doçura esteio=sustentação da família Geradora de vida. Amor. Carinho. Benção. Ser divino. Luz do Mundo.
Ser mulher é ser como sempre uma escrava de quase tudo. Sou feliz como mãe. Como mulher não.
Ser mulher é muito importante porque ela é a Rainha do Lar.
Ser mulher tem que ter responsabilidade com a família, com o esposo. Ser mulher vem da responsabilidade desde o dia da gravidez porque todos dependem da mulher.
A mulher cuida das crianças, dos filhos, da casa. É dar respeito para ser respeitada.
Ser mulher pra mim é saber se calar mesmo querendo extravasar. É ser forte, mesmo nos momentos de dor.
Ser mulher é ser dona de casa, ser mãe de família, ser paciente, ser cuidadosa, ser conselheira, ser trabalhadeira, ser cuidadosa, ser bonita[3].
Em março, as questões que eram incipientes no trabalho desenvolvido no ano anterior, começaram, a partir das experimentações de procedimentos atorais que nortearam a primeira fase dos trabalhos, a tomar mais (o meu) corpo.
Percebo o quanto é importante estar atenta aos elementos de minha própria pesquisa. O que norteia, individualmente, o meu trabalho no grupo? Quais podem ser os elementos da minha atuação dramatúrgica? Como olhar meu corpo ator como dramaturga? Ou como dramaturga utilizar meu corpo texto? Como dialogar a partir desse corpo?[4]
Em abril, acontece a primeira mostra em processo da pesquisa, prevista pelo projeto. Os pesquisadores do Obscena propuseram, cada um, procedimentos diferentes no qual contavam, muitas vezes, com a participação dos outros em sua investigação. Se, por um lado, a necessidade de colaborar, como corpo, na proposta do outro me lançou muitas dúvidas em relação ao desenvolvimento da minha própria função de dramaturga, por outro começou a abrir outras possibilidades para essa dramaturgia, não mais pensada como estritamente ligada a um suporte de papel. Para exemplificar, cito a proposta de Marcelo Rocco, A vitrine de corpos prostituídos, realizada no primeiro dia da mostra, sábado 12, à meia-noite.
Marcelo havia solicitado a todos nós, mulheres e homens, que assumíssemos o lugar de prostitutas e michês. Nossos corpos, seminus, seriam “oferecidos” na vitrine do Teatro Marília, a qual dava para a rua. Uma vez que não sou atriz e não queria representar nenhum personagem, aceitei colocar o meu corpo seminu na vitrine, mas com uma ressalva. Eu não iria seguir os seus comandos, mas exercitar, de dentro da vitrine, as possibilidades de diálogo com o público pela escrita que eu imprimia na vitrine e nos corpos dos outros atuantes. Concentrei-me em perceber a reação do público, que aumentava a cada minuto. Os olhares ávidos masculinos, que variavam entre o desejo e a repreensão de nossa ação. Os escritos também variavam, daquilo que eu percebia como “pensamentos” deste público, a um discurso mais crítico: além de puta, vaca, filé, vadia, gostosa, galinha, mulher, frases como carne no açougue e mulher vende cerveja.
Além da escrita experimentada na vitrine do Marcelo e em decorrência dela, propus, em diálogo com os materiais atorais desenvolvidos por Lissandra em torno dos objetos do universo feminino, a realização de uma ação – esta mais concatenada com os meus objetivos e temática – na qual se tornou mais evidente para mim a construção de uma dramaturgia do instante a partir de um olhar de autora-espectadora[5].
Dona de uma flexibilidade invejável no trato caseiro, Vaca Maravilha é o sonho de consumo de todo homem, seja ele clássico ou contemporâneo. Na terça-feira, dia 15 de Abril de 2008, algumas pessoas, transeuntes da Avenida Alfredo Balena no centro da capital mineira, tiveram a oportunidade de testemunhar a eficiência da super heroína que estava exposta em vitrine fazendo uma demonstração de suas qualidades. Acompanhada de outras “colegas de trabalho”, dentre elas a Mulher Mil e Uma Utilidades, a Costurinha, a Mulher Ajax; a Fêmea Vaca Maravilha arrancou suspiros da platéia enquanto limpava, esfregava, desinfetava o espaço corroído de mofo e tédio. Tudo isso numa ganância assombrosa pela limpeza e organização. O lado de lá da vitrine era o distanciamento. Olhos curiosos, atentos, admirando a destreza com a qual as tarefas eram executadas. Outra colega, notadamente a dona da voz daquelas mulheres in vidro, uma mulher cuja ação determinava os sentidos da imagem, trazia consigo uma caneta e com ela preenchia o vidro com palavras, frases... algumas vezes utilizando um léxico bastante comum aos homens. Ela estava do lado de fora, com a platéia, ocupando uma posição naturalmente não-representativa. Era uma artista plástica das palavras e o seu quadro estava vivo. Mulheres domadas, não ofereciam risco algum, sob o controle dos olhares. Mulheres utilidade, sujeitas a teste de qualidade. Mulheres coleta seletiva: deposite neste orifício seu lixo orgânico. Mulher alcalina, da esponja de aço, da garrafa PET, do creme lubrificante... Mulher lipo-aspirador, da varanda, do quintal, do comercial de pneu, das graxas de graça desgraça... Mulher tubo de ensaio: deposite neste corpo orgânico o lixo do seu orifício. Fim. Um carimbo e um selo de garantia: Aprovadas. Matéria-prima do produto: uma costela. Válido enquanto durar o estoque[6].
Após essa primeira mostra, mostrou-se necessário o aprofundamento em questões que apenas tínhamos tocado e que se referiam ao que estávamos denominando de não representacional[7] – mas que, em larga medida, ainda era uma noção confusa para a maioria de nós (teatral implica em representacional? Ou seja, é possível pensar uma ação/procedimento teatral que não seja representacional? Qual a relação entre espetacularização e a noção de representação? Quais os limites entre não representacional e performance?) – e, em conseqüência, aquelas que se referiam à noção de performatividade e teatro performativo[8]. Nesse sentido, foi de extrema importância o trabalho proposto para o agrupamento por uma de nossas pesquisadoras, Patrícia Sene, de dança criativa, o qual possibilitou-nos buscar uma maior verticalidade a partir de nossa prática corporal e engendrar caminhos que possibilitassem ao corpo entender.
O trabalho corporal da dança criativa com fundamentos de Bárbara Mettler é uma livre abordagem à arte do movimento corporal, valoriza a criatividade, a improvisação, a organicidade e a integração rítmica do corpo em movimento (...) Sempre a partir de problemas de movimento, improvisações são realizadas objetivando a consciência e o controle do movimento em relação aos elementos espaço, tempo e força. Não há a repetição planejada de formas de movimento, mas a repetição pode existir se for orgânica[9].
No âmbito de minha investigação, a pesquisa do movimento proposta pela Patrícia foi de extrema importância, pois serviu como uma resposta concreta e prática às questões teóricas que a leitura de Barrio/Barriga havia me colocado.
O trabalho para mim foi, hoje, revelador. Agora meu corpo começa a saber. (...) Quais os pontos de ligação entre o trabalho proposto e as ações do Barrio? Entre o corpo proposto dança pura criativa e o um modelo não representacional? E mais: o que me interessa investigar, para a dramaturgia que quero propor?
Interessa-me muito o corpo coisa suporte material. As relações dele com o espaço. Quem é o causador das ações? O artista ou os materiais por ele empregados? Barrio tem se mostrado frutífero[10].
Barrio realmente se mostrava frutífero. Em maio, Clóvis, instigado pelas ações/situações do artista plástico propõe uma caminhada performática[11] que gerou muitas possibilidades futuras: havia elementos de instalação, a força da ação coletiva e direta, as possibilidades de diálogo e interrupção concreta na relação com o cidadão belorizontino. Especificamente em relação às minhas questões, a primeira caminhada, realizada no centro da cidade (ambiente sujo, “mal-freqüentado”) produziu um salto na minha investigação de uma dramaturgia in process, da qual o suporte material não é mais a folha de papel, mas o espaço da cidade e o corpo, e na qual o eixo temático não é mais a mulher marginal.
A margem é aqui. No centro da cidade. Nas ruas de cada dia mulheres são construídas, mulheres de cada dia. Mulheres de cama e mesa. Sobremesas. Valem tanto como um bombom sonho de valsa. Baixou. 20 centavos. Custam só vinte centavos. Vejo o casal que se abraça. Que pena, tivesse visto antes e deixaria meu buquê de vinte centavos para ela. Futura noiva domesticada pela tv se deus quiser.
Além da própria caminhada, gerou frutos para a minha investigação, alguns textos-relatos produzidos em decorrência dela, como o de William Neimar[12], no qual no qual ele faz uma comparação entre a ação realizada e a obra de Calvino, Cidades Invisíveis, especificamente a cidade dos mortos, Eusápia, simulacro perfeito da cidade dos vivos. Começavam a surgir os gérmens do experimento Cidade das Mortas.
Diante das várias questões colocadas pelo andamento do trabalho[13] ao Obscena, foram propostas mais duas caminhadas: no encontro seguinte, sairíamos da minha casa, para uma caminhada por regiões “nobres” da cidade, Sion e Savassi. Que tipo de relações e ganhos para os procedimentos e materiais pesquisados pelo grupo, tal caminhada suscitaria? Diferente da primeira caminhada, em que havia um guia e na qual estávamos juntos, nessa “deriva” sairíamos sozinhos, e teríamos uma hora para caminhar, recolher objetos, montar nossa instalação, interagir com ela e voltar para a minha casa. Nessa caminhada, não teríamos o olhar do outro ou para o trabalho do outro. Por um lado, estaríamos mais misturados na cidade, não nos destacaríamos como um coletivo. Mas, por outro lado, perderíamos justamente as possibilidades de colaboração/contaminação originadas na relação obscena que o olhar do outro lança sobre cada ação proposta.
Embora, para mim, essa segunda caminhada não tenha gerado elementos imediatos para a minha pesquisa, o mecanismo da caminhada e as questões que a primeira experiência desencadeou funcionaram como centros geradores da ação investigativa que teve início na mostra de junho. Isso foi perceptível de uma maneira geral, tendo a caminhada, inclusive, sido proposta como um procedimento da mostra, a ser experimentada junto ao público.
Para a mostra, a instrução guia privilegiava a continuidade da investigação sobre as ações não representacionais. Foi sugerida a seguinte divisão para os procedimentos, a fim de permitir o registro e acompanhamento da mostra, além da participação efetiva de alguns de nós, como atuantes, na proposta dos outros: no primeiro dia, seríamos Idelino, eu, Lissandra, Didi e William. No sábado, teríamos os procedimentos de Patrícia, Mariana, Moacir, Marcelo, Saulo e, novamente, eu. O domingo seria reservado para a caminhada performática, proposta de Clóvis.
Na sexta, Lissandra – com o corpo composto por objetos do universo feminino – fez uma caminhada, registrada por Túlio e Moacir, que saiu da Casa do Conde, passando pela Afonso Pena, e chegando até o Marília, em torno das oito horas. A percepção das relações que a ação da Lissandra propunha, só foi possível perceber quando assistimos ao registro. Interessante como a percepção dela no que diz respeito às reações das pessoas foi bem diferente do que percebemos ao assistir ao registro de sua passagem. Ela tivera a impressão que não havia estranhamento nas pessoas diante da figura dela. Ao vermos o registro, é notório o modo como a passagem dela provoca reações, ainda que as pessoas não a confrontassem com seu olhar.
Eu propus instalações feitas a partir de corpos de mulheres deitadas, desenhados no chão. Essas marcas de giz no chão remetiam, diretamente, àquelas decorrentes de assassinatos e que servem para mostrar a posição em que o corpo morto estava. Corpos escritos e completados por objetos – embalagens – de produtos femininos.
Proposta para uma situação/ação dramatúrgica.Narrativas jornalísticas poéticas científicas dicionarescas inventadas documentais.Embalagens plásticas metalizadas produtos de limpeza cosméticos mantimentos eletrodomésticos utensílios do lar higiene pessoal familiar.Giz. Fita crepe. Marcadores.Corpos de mulher. Instalações de objetos e narrativas.Escritas no momento? As notícias recortes de jornal?Anita. 18 a. rosto de menina, corpo de sereia, malícia de mulher. Adoro todas as idades! Liberal c/ carinho. Sem pressa. Ap. c/ DVD erótico.Enterrada menor de treze anos, estuprada e morta. Cem mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente no Brasil.Júnior Lima está solteiro. Segundo o jornal Expresso, terminou o namoro de um ano do cantor com a estudante de direito Sheila Santos, de 24 anos. [14]
A partir da mostra de junho, firmou-se o propósito de investigarmos mais profundamente, Lissandra e eu (ela, por meio da colocação na rua de um corpo construído a partir de objetos do universo feminino e, eu, dos corpos mortos desenhados no chão e preenchidos com escritas produzidas no calor do momento); o experimento que eu havia começado a denominar de Cidade das Mortas. A investigação prática, no entanto, só começaria, efetivamente, em agosto. Transcrevo abaixo, na íntegra, o relato de 18 de agosto, na qual descrevo a primeira experiência realizada na rua.
Eu armada com meu instrumento: o giz, colocado singelamente numa embalagem de creme para cabelo: Hair construtor.
Eu também me aqueço, preparo meus instrumentos. Como avançar a ação? É necessário selecionar narrativas a serem experimentadas. Os anúncios das prostitutas de Curitiba devem percorrer esses corpos mortos, desenhos a giz no chão. Também deve estar lá o verbete do Aurélio. Também quero: a gente pensa que é mulher e é só fêmea, bichinho de estimação. Também quero: uma mulher é feita de arestas, becos, buracos. Voz, carne e sangue. E osso e pele. Quero brincar com as tarefas inúteis e com os desejos de consumo da mulher: depilação a laser, botox, jet bronze, diet, light. E quero jogar com as manchetes e estatísticas: Enterrada menor de treze anos, estuprada e morta. Cem mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente no Brasil.
Eu e Lica nos guardávamos. Nosso trajeto: do Marília à Estação. Pela Afonso Pena, paradas no caminho. Corpos. Escritas. Em frente ao Café Nice a mulher objetos foi ovacionada como uma miss no desfile de finalista. Ah, os homens! Ali nos pareceu um ótimo lugar para deixar nossas mortas. A mulher objetos larga suas inúmeras sacolas e deita-se no chão. Desenho um belo corpo no chão e começo a preenchê-lo: mulher ser humano do sexo feminino capaz de conceber e parir outros seres humanos e que se distingue do homem por essas características. Mulher da vida: meretriz. Mulher à toa: meretriz...
Estávamos em frente à McDonald´s. Eu escrevia. A Mulher objetos postava-se em frente ao M, compondo com o seu corpo naquele espaço. M. Mulher objeto.
Precisamos explorar mais a Praça Sete.
Mas, ontem, ali, nos perdemos. Desci a Amazonas, busquei-a na Praça Rui Barbosa. Praça da Estação. Onde estará?
De repente, a vejo. Do outro lado da rua, carregada de sacolas, numa alameda de luzes. Atravesso a rua. Ela senta-se em frente a um casal de mãos dadas no banco da praça. Desenho bunda e pernas. Mãos saem dos quadris. O desenho é interessante, mas o chão é árido. Já começo a criar preferências. Ah, adoraria poder deitá-la no asfalto. Desenhá-la em meio aos carros. Parar o trânsito.
Ela atravessa a grande avenida, avança para a Estação. Caminha entre os pontos de ônibus e deita-se na passagem dos pedestres. Afeiçoei-me às passagens de pedestre. O chão é liso e inclinado. O espaço é razoável e atrapalhamos o trânsito.
“Vocês são de algum movimento feminista? O que é isso? É teatro?”
A última morta deixamos sob o viaduto de Santa Tereza: Samy, 20 anos. Morena mestiça. Sapeca e safada.
É preciso ser mulher até o osso.
Deixamos o último traço e partimos. Eu bastante feliz. Achei o fio dessa meada.
Hoje até vou ao Maletta. É preciso beber as mortas[15].
Em agosto, fizemos algumas experiências, variando Lissandra as personas que investigava em sua relação com os objetos. No dia 21, por exemplo, ela transitou de uma “noiva” a uma juíza, passando, depois, à mulher vaca maravilha. Novamente transcrevo o relato da experiência.
Hoje ela faz 40 anos. Mas nem parece. Hoje não há festa nem glamour. Vestida de branco, um carrinho de feira lotado de sacolas, balde, bacia, rodo e apetrechos variados, tamancos e uma capa (véu de noiva?) de supermulher vaca maravilha. Ela parte para a praça. Para a rua. Para o trabalho diário. Não, esse não é o seu trabalho. Ou por outra, é. Mas que trabalho é esse?
Partimos as duas para a rua. Ela armada com seus objetos. Eu, com minhas narrativas e meu olhar que registra sua passagem. Praça da Estação. A mulher noiva vaca maravilha empilha embalagens e mais embalagens plásticas. Distribui bandejas e bandejas de isopor pela praça. Aos poucos, lanço alguns registros dessa passagem sobre o cimento da praça. Um dia, quando pequena, sua mãe a levou a uma exposição de bonecas. Bonecas de porcelana, bonecas de louça. Bonecas de plástico. Bonecas de trapo.
Mais adiante, um rol. Parir. Amar. Cuidar. Limpar. Transar. (mesmo sem vontade).
Partimos para a caminhada. Para isso, ela troca o hábito. A gente é aquilo que consome. Mulher bacia, mulher vassoura. É bonito vê-la se preparar. Ela coloca seus apetrechos, recolhe seus objetos. Mulher touca na cabeça e boneca de plástico. Mulher de plástico, meias e conformações. Prepara o carrinho de feira, seu companheiro jurado em frente à fonte. Afinal, a mulher precisa ter onde se apoiar. A mulher está em obras, desculpem o transtorno. Estamos trabalhando para você.
A mulher objetos parte. Dessa vez, ela fala. E muito. Subimos a Praça da Estação em direção à Praça Sete. E ela fala. Só se cala ao deitar-se no chão, modelo vivo de uma mulher morta. E sua fala se materializa escrita. Ela me inspira desvios. Fluxos velozes de giz. As mulheres mortas ficam na Estação e partimos. Na Praça Sete, os quatro cantos. Monumentos animados dessa mulher objeto. Outras mulheres objetos. Corpos mortos na paisagem da cidade. Mulheres bichinhos de estimação. Mulheres bonecas em exposição. Mulheres noivas. Mulheres rol. Registros de nossa passagem, marcas do nosso diálogo.
Agora já é tarde e estamos cansadas da lida. Eu vou embora pensando que esse agosto que nos pariu é prenhe[16].
Ainda em agosto, após conversa com a pesquisadora Erica Vilhena, na qual ela relatou uma visita que havia feito com a mãe a uma exposição de bonecas, comecei a vislumbrar uma ação maior, tecida do diálogo das minhas escritas corpos de giz com a ação de algumas atrizes do agrupamento. Esta ação já havia sido experimentada, de certo modo e ainda que superficialmente, já na primeira mostra, em abril. Agora, no entanto, ela começava a se desenhar, ainda na minha cabeça, mais fortemente a partir da idéia de bonecas.
Também em agosto foi realizada a terceira mostra do Obscena, a qual já refletia a relação que começou a se estabelecer de maneira bastante marcante, para muitos dos pesquisadores, com propostas mais nítidas de ocupação de espaços públicos e urbanos. Denominada de Cartografias obscênicas, a mostra propôs a investigação de simultaneidades/ações na rua. Como reflexo da mostra – a partir da avaliação feita, na qual notamos que as mostras estavam, de certo modo, adquirindo o caráter de apresentação, optamos, a partir de setembro, por um novo formato: o de mostras semanais. No formato anterior, os procedimentos/experimentos semanais eram realizados no âmbito interno, restrito aos pesquisadores do Obscena, com eventuais excursões de um ou outro em suas aventuras cênicas. Neste formato, só abríamos o trabalho para “visitação” pública nas mostras trimestrais: tal ação acabava por ter um aspecto de apresentação.
Já as mostras semanais se mostraram um formato bem mais interessante, o qual atendia à processualidade da pesquisa. Com a abertura dos trabalhos de investigação ocorridos durante a semana, ou seja, no dia-a-dia da experimentação, da investigação em ação de cada um de nós, conseguimos, parece-me, atingir o caráter processual inerente à pesquisa que estamos nos propondo a realizar. Falo dos trabalhos públicos que ocorreram nos dias 08, 15, 22 e 29 de setembro.
Nos dias 15 e 29, realizamos, eu e Lissandra, mais algumas investigações em torno do experimento cidade das mortas. No dia 15, nos encontramos mais cedo na casa dela, de onde saímos por volta das cinco e meia da tarde. Como já havíamos experimentado dias à tardinha, início da noite e gostado das possibilidades, optamos por começar o trabalho mais cedo do que o marcado para o encontro dos obscênicos. Nesse dia, novamente trabalhamos na praça da estação e na praça sete. Na praça da estação comecei a filmar a Lissandra, ação logo complementada por Fernando. Também não demorou muito e apareceu a guarda municipal. “Evento tem que ter autorização”. Como tem que ter autorização a palavra escrita dano ao patrimônio público pichação em giz. A palavra escrita, o registro, são marcas inegáveis de uma subversão da ordem. São marcas do perigo.
Na praça sete, nesse olho do furacão, o chão é liso e possível e a escrita sujeita ao giz. Nessa praça, reformada para descentralizar o centro, o fluxo de passantes nos engole e esconde. O centro da cidade é um circo e nele faremos o círculo, percorrendo todos os monumentos dessa praça para terminar na MacDonald´s, com seu monumental M. mulher.
Quem é essa mulher? Não é possível explicar, é necessário construir.
Coincidindo com a investigação dessa escrita no espaço da ação, vários foram os encontros felizes ocorridos nesse mês das flores e tempestades de granizos: as discussões no projeto laboratório acerca do conceito de intervenção urbana, a presença marcante de Antônio Araújo, a tese de José da Costa sobre as escrituras cênico-dramatúrgicas conjugadas; que acabaram por me colocar diversas questões em relação a essa pesquisa: da relação com o espectador/transeunte, das possíveis formas de inscrição textual, do lugar do “dramaturgo”, do texto como elemento material e da dramaturgia como escritura/leitura. E ainda: a mim caberá o todo? Tais questões apareceram mais fortes após a experiência do dia 29. Transcrevo abaixo o relato do dia de trabalho, na íntegra.
Savassi. Dia 29 de setembro. Dessa vez, saímos do Sion. Lica propôs experimentar sonoridades e corporalidades animais. A proposta hoje era percorrer as lojas, vitrines. Interagir com o ambiente consumo. Sempre que possível – o chão ali não ajuda muito – deixaríamos algumas mulheres mortas pelo chão. Ali, recuperei novamente a escrita no papel de propaganda. Escrita cartaz.
Esse corpo mulher sacolas perambula pelas lojas do Pátio Savassi. Gravar não pode. Só o celular democrático de uso geral. Todo mundo tem câmera Bluetooth mp3. As caras nas câmeras redes de TV. A câmera caracteriza normaliza o acontecido. Este se torna evento. Teatro arte propaganda marketing novela das oito. Filme. No mundo do mercado o mercado explica tudo? É necessário criar o atrito. O estranhamento. Essa mulher produzirá sonoridades corporalidades animais.
Por que você está vestida assim? E você? Por que a prancha escova progressiva inteligente jeans da moda o roxo bata pode. Por que o sexo forçado marido namorado um tapinha não dói. Homem faz sexo mulher faz amor lipoaspiração drenagem linfática. Tintura. Depilação epilação hidratação cauterização ballayage plástica botox silicone. Não é possível explicar, desculpe o transtorno. Estamos trabalhando para você.
Descemos a rua em atrito com as lojas que encontramos pelo caminho. Drogaria Araújo. A mulher super vaca maravilha rebola reboa seu sino nos corredores vidros prateleiras produtos. A ação é sutil. O som na drogaria. A pose em frente às lojas da Rede. Em frente à Travessa, o diálogo com a estátua da mulher escritora. A prateleira de bonecas da loja de brinquedos. Aqui, as escritas se multiplicam, geradas pelo atrito contato com esses mundos. Materiais. A prateleira rosa. O banquinho branco em frente aos contos de fadas da melissa. A estátua escritora e a boneca de papel da propaganda de desodorante.
Mulher. Uma obra em construção.
Quem é a obra de quem?
Filé. Delícia. Gostosa. Carne de primeira. Gatinha. Cachorra. Cadela. Vaca jaca galinha piranha. Mulher melancia. Mulher da vida. Mulher da zona. Mulher da comédia. Mulher à toa. Mulher. A esposa em relação ao marido. Moça que atingiu a puberdade. Samy. 18 aninhos. Morena gostosa. Safada, sapeca como você gosta. 100% completa. Sexo anal total. 69 gostoso. Foto original sem retoque. Gosto de beijar. Amar. Cuidar. Transar. Mesmo sem vontade. Esquecer. Perdoar. Compreender. Sujeitar. Sacrificar. Esquecer. Esquecer. Embalar. Adestrar. Ensinar. Mesmo sem vontade. Educar. Amamentar. Brincar. Parir. Amar. Limpar. Passar. Jogar no rio. Na privada. Na esquina. Na esquina.
Desculpe o transtorno estamos trabalhando para você. Uma obra em construção. Barbies. Pollys. Princess all globe. Bonecas domesticadas pela TV. Hidratantes. Desodorantes. Perfex. Batom. Antiaderente. Drenagem linfática Jet bronze endermologia com arte é diet light in out enterrada menina de 14 anos encontrada morta e estuprada. Metida. Fodida. Arregaçada. Como você gosta.
Cerveja. Boa. Gostosa. Gelada.
Chega de fruta. Homem gosta é de comer carne[17].
Após o dia 29 de setembro, a imagem de uma exposição de bonecas se fortaleceu na minha cabeça. Propus, então, às pesquisadoras Erica Vilhena e Joyce Malta uma ação integrada ao trabalho que eu e Lissandra já vínhamos desenvolvendo. Abaixo transcrevo o email que enviei, no qual estava contida minha proposta “brincando de bonecas”.
“...eu vou interagir com as instalações das três. não sei se vocês ficarão juntas ou separadas, mas penso que próximas é necessário, para configurar um único acontecimento: a exposição. como se fossem nichos, prateleiras ou vitrines. podemos andar com a exposição pelos quatro cantos da praça e cercanias.
vou trabalhar com escrita em papel de propagandas e com o giz no chão. vou querer que, às vezes, vocês se deitem e eu possa desenhar seus corpos no chão e escrever. o trabalho demandará um tempo. podemos alternar suas ações e minhas escritas no chão. enquanto desenho uma, para escrever a partir dela, as outras continuam em ação. podemos também alternar a isso, uma ação conjunta. os três corpos deitados no chão.
PROPONHO ESSA AÇÃO COMO UMA ESTRUTURA DE DIÁLOGO COM OS MATERIAIS DAS ATUANTES. NÃO QUERO CORPOS AO MEU SERVIÇO. PROPONHO O ESTABELECIMENTO DE UM DIÁLOGO EM TRABALHO. DE UMA ESCUTA DOS CORPOS E DAS POSSIBILIDADES DE AÇÃO DO OUTRO E COM O OUTRO. A PREPARAÇÃO SE FAZ NECESSÁRIA.
enfim, essas são as questões que estou pensando...
e pra vocês?”[18]
Um email. Minha tentativa de organizar uma proposta ainda muito incipiente. Algo me interessa muito na idéia de uma exposição de bonecas. Bonecas domesticadas pela tv. Expor a boneca das outras mulheres/transeuntes por meio dessas que proponho.
Da experiência concreta, realizada na Savassi, no dia 13 de outubro (não foi por acaso a proximidade com o Dia das Crianças), muitas coisas interessantes e potentes surgiram. Os corpos das mulheres mortas (o conjunto aumenta a potência disso). Aliás, o conjunto é bem favorável. Noções de invasão. As bonecas da Joyce, elas em série. Ela, mais uma. Reprodução de estereótipos, de corpos manequins de vitrine. Joyce escultura. O corpo martirizado de Erica, apertado pelas roupas pequenas demais e pelo salto alto. Sua felicidade idiota. As possibilidades de exploração de uma espetacularização exacerbada: o fio da navalha. Como quebrar o conforto/comodidade que ela proporciona, ordenando e explicando, tornando aceitáveis aqueles corpos/ações/invasão?
Muitas questões surgiram: como garantir essa ruptura do conforto que as câmeras proporcionam. Seria uma solução exacerbar mais ainda: invasão de paparazzi? A necessidade de estudo desse espaço a ser ocupado. E de outros espaços possíveis. O que queremos do espaço, o que dele é necessário? Um estudo dos corpos: a hipérbole dos corpos? O corpo cotidiano? Os estados alterados: felicidade/martírio. Desfazimento dos corpos. O estudo das ações e relações: entre nós e de cada uma. Experimentar as variações de tempo e ritmo. As pausas. A relação com a escrita. Pensar um roteiro de ações? Também ficou a necessidade de maior organização e planejamento. Definir mais claramente os objetivos individuais e as possibilidades de rede.
Vejo uma imensa potência nessa exposição de bonecas, nessa estrutura aberta que articula nossas ações em uma rede colaborativa, num diálogo que ocorre no aqui e agora, no calor de nossa sala de ensaio, a rua. Interessa-me, sobretudo, isso. Essa obra se fazendo ali, do cruzamento de nossas vozes autônomas, de nossos fluxos paralelos. Em permanente diálogo.
Por meu lado, eu devo assumir esse corpo dramaturga atuante em fluxo também de escrita. Em permanente ação obscena filtrando espectadora a paisagem da rua. Estou dentro/fora? Que lugar é esse?
Como vejo extrema potência nesse experimento que já estabelecemos, Lissandra e eu, entre escrita e ação, entre mortas que se multiplicam pelas ruas e essa mulher objetos em suas diversas ações: numa ação concentrada, em determinado espaço. Ela nômade invasora de lojas espaços privados de consumo imediato.
Como viabilizar o aprofundamento desses experimentos?
Referências Bibliográficas
BARRIGA, Merle Ivone. As Ações de Artur Barrio : um modelo não representacional para o ator contemporâneo. Dissertação de mestrado. Departamento de Artes Cênicas da ECA-USP, 2006.
LEHMANN, Hans-Thyes. O Teatro Pós-Dramático. Tradução de Pedro Sussekind. Rio de Janeiro: Cosac Naify, 2007.
REWALD, Rubens. Caos/dramaturgia. São Paulo: Perspectiva, 2005.
SENE, Patrícia. Agrupamento de Ações: Aceita um café? Artigo inédito. Belo Horizonte, 2008.
Sites visitados:
www.obscenica.blogspot.com
[1] LEHMANN, Hans-Thyes. O Teatro Pós-Dramático. Tradução de Pedro Sussekind. Rio de Janeiro: Cosac Naify, 2007.
[2] Interessava-nos, inicialmente, investigar os elementos marginais da mulher, ou aquela mulher que não cabia nos limites impostos pelo padrão do feminino vigente na sociedade brasileira: a louca, a puta, a velha e, ampliando a margem, os seres que transitam entre o masculino e o feminino: o travesti, o transexual etc. Posteriormente, com o andamento da pesquisa, nos foi apontada a necessidade de investigar também (para alguns de nós, como no meu caso, passou a ser o cerne da pesquisa) a construção do modelo hegemônico da mulher: a mulher padrão, o feminino rosa, aquele que a sociedade não só aceita, como fabrica.
[3] Relato pessoal do encontro de 03 de março de 2008, no qual tivemos contato com o movimento internacional, anti-capitalista e feminista, Marcha Mundial das Mulheres, por meio de sua militante Hosana Passos. As frases presentes no relato foram escritas por mulheres durante oficina ministrada por ela.
[4] Relato pessoal de 24 de março de 2008.
[5] “O autor-espectador é o escritor forçado a sair de seu gabinete, de sua clausura, de sua solidão imaculada. Para criar ele necessita olhar o outro, entender a criação do outro, dialogar com o outro, aceitar as regras do outro e fazer com que o outro aceite as suas. O autor-espectador tem de olhar para si e para o mundo ao mesmo tempo, e sua criação é a própria medida deste se colocar no mundo. Ele não pode se anular, aceitando totalmente as questões do outro em detrimento das suas, como também não pode impor a qualquer custo as suas idéias, sem ouvir o outro. Em ambos os casos o processo se empobrece, pois perde a dimensão do diálogo, da interação, necessários para sua evolução” (REWALD, 2005: 63).
[6] Postado por Moacir Prudêncio em 21 de abril de 2008, no blog do Obscena. Ver em www.obscenica.blogspot.com.
[7] A partir do estudo da dissertação de mestrado de Merle Ivone Barriga, As Ações de Artur Barrio : um modelo não representacional para o ator contemporâneo.
[8] Uma das atividades do Obscena, em março, tinha sido o acompanhamento das palestras do Ecum – Encontro Mundial de Artes Cênicas – no qual tínhamos tomado um contato mais direto com este conceito, discutido pela pesquisadora canadense Josette Féral.
[9] SENE, Patrícia. Agrupamento de ações: aceita um café? (artigo inédito). Belo Horizonte: 2008.
[10] Relato pessoal de 19 de maio de 2008.
[11] A caminhada consistia em percorrer um trajeto indeterminado, pela cidade, recolhendo materiais na rua que nos chamasse a atenção para, posteriormente, e sob o comando de Clóvis – que determinava o lugar para cada um de nós – montar uma instalação com os objetos recolhidos. Em seguida à montagem da instalação, deveríamos colocar nosso corpo em ação, junto com ela.
[12] Ver relato de 26 de maio de 2008, em: www.obscenica.blogspot.com.
[13] Intensificadas pela relação com o Teatro Marília, uma vez que lá dentro não estávamos encontrando espaço para desenvolver a pesquisa prática, em razão da dificuldade de termos acesso aos locais anteriormente acordados com a administração: palco, porão, vitrine e mezanino. Em geral, estávamos com o uso restrito à sala de reunião, adequada, somente, para os encontros teóricos.
[14] Relato pessoal de 09 de junho de 2008, no qual descrevo a proposta para a mostra de junho.
[15] Relato pessoal de 18 de agosto de 2008.
[16] Relato pessoal de 21 de agosto de 2008.
[17] Relato pessoal do dia 29 de setembro de 2008.
[18] Email pessoal do dia 06 de outubro de 2008.
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